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Camaçari sedia aula inaugural de curso pioneiro sobre relações étnico-raciais na educação básica

 Camaçari sedia aula inaugural de curso pioneiro sobre relações étnico-raciais na educação básica

Foto: Juliano Sarraf

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Expandir o letramento racial de profissionais da educação básica e promover a formação de docentes e gestores alinhados aos marcos legais da Educação para as Relações Étnico-Raciais (Erer). Esse é o propósito do curso de Aperfeiçoamento em Educação das Relações Étnico-Raciais: Afrobrasilidades e Africanidades na Educação Básica, uma iniciativa inédita realizada por meio de parceria entre a Secretaria de Educação de Camaçari (Seduc) e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), através do Campus dos Malês, localizado em São Francisco do Conde.

A aula inaugural foi realizada na manhã deste sábado (31), no espaço Recanto das Orquídeas, em Jardim Limoeiro, Camaçari. O evento reuniu cerca de 1.000 professores, sendo 300 da rede municipal camaçariense. Os demais educadores vieram de municípios da Região Metropolitana de Salvador, do Recôncavo Baiano e de Feira de Santana. Ao todo, 1.200 docentes de diferentes áreas participarão da formação.

Presente no evento, o prefeito Luiz Caetano destacou o impacto transformador da iniciativa. “Tem muito tempo que não participo de um encontro como esse. Olha o alcance desse momento, de cada profissional que está aqui. Nós temos que respeitar a inteligência de cada um, de cada uma, de forma igualitária. Não tenho dúvidas de que saímos daqui hoje fortalecidos para enfrentar essa batalha do racismo. Vamos fazer a transformação”, declarou.

O secretário de Educação de Camaçari, Márcio Neves, definiu o momento como histórico e ressaltou a importância de políticas antirracistas. “Camaçari é um município que perdeu recursos por conta da falta de política antirracista. Racismo é crime, bullying é outro debate. É preciso entender que não são só os professores, mas toda a comunidade escolar será beneficiada. Trazemos hoje para a sociedade um novo momento, de debate amplo, rico e transformador da nossa cidade e da nossa educação”, afirmou.

A vice-reitora da Unilab, Eliane Gonçalves, destacou que o curso está em consonância com a Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, além de instituir o 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra no calendário escolar.

“Esse curso vem sendo organizado há cerca de um ano e vai abordar fundamentos da educação para as relações étnico-raciais, discutir o racismo e a construção de uma sociedade antirracista, além de tratar de linguagem, cultura afro-brasileira e africana. Este é o maior curso do Ministério da Educação voltado para essa temática, com atuação em sete cidades, sendo Camaçari o maior polo de formação”, explicou.

Durante o curso, os participantes desenvolverão projetos de ensino, pesquisa e extensão com foco na valorização da identidade afro-brasileira, na descolonização dos saberes e no aprofundamento dos estudos africanos no ambiente escolar.

A assessora técnica de Políticas Educacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e Antirracistas da Seduc, Maria de Fátima Cardoso, enfatizou a importância do respeito às diferenças e da aplicação prática da legislação educacional. “Estamos começando mais uma força-tarefa para garantir a legislação nas práticas pedagógicas e, sobretudo, respeitar os direitos humanos. Esse curso é uma oportunidade de troca de experiências e de aplicação concreta do conhecimento em sala de aula”, afirmou.

Com carga horária total de 180 horas, o curso será ofertado em formato híbrido, com encontros presenciais quinzenais aos sábados, alternando com atividades online.

A pedagoga e professora de Língua Portuguesa, Iane Araújo, que já desenvolve um projeto sobre relações étnico-raciais na Escola Maclina Maria da Glória, em Vila de Abrantes, celebrou a chegada da formação como um reforço às iniciativas pedagógicas já em curso. “Antes, o trabalho era muito solitário. Agora, temos uma formação estruturada e toda uma rede envolvida, o que permite ampliar e fortalecer os projetos que já existem”, comentou.

A cerimônia também contou com a presença da secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Ângela Guimarães; da diretora pedagógica da Seduc de Camaçari, Alexandra Pereira Silva; do diretor em exercício do Campus dos Malês, Pedro Acosta Leyva; da coordenadora do curso, professora Carine Curinga de Matos, além de vereadores e outras autoridades locais.