Cristiane Luz é condenada a quase 20 anos de prisão por envenenar o marido em Dias d’Ávila
Foto: Mais Região
Cristiane Luz, de 39 anos, foi condenada nesta quinta-feira (7) a 19 anos, 8 meses e 25 dias de prisão pela morte do marido, Mário Sérgio dos Santos, ocorrida em abril de 2024, em Dias d’Ávila. O julgamento, presidido pela juíza Mariana Spina, durou quase 12 horas e reuniu depoimentos que apontaram comportamentos suspeitos, ameaças anteriores e até a intenção de cometer o crime por outros meios.
Entre os relatos, uma testemunha próxima afirmou que Cristiane chegou a cogitar matar Mário a facadas, sem deixar digitais, e simular um suicídio. Ela também teria procurado uma mãe de santo, em Mata de São João, para realizar um “trabalho” que o deixasse paraplégico — pedido que foi recusado. Em outra ocasião, teria dito que, se ele não fosse dela, não seria de mais ninguém, e contou ter tido uma “revelação” na igreja de que o marido não passaria de dezembro.
O histórico do casal, segundo testemunhas, era marcado por ciúmes, desconfiança e acusações de traição. Uma vizinha relatou ter ouvido gritos e barulhos na noite em que Mário passou mal e afirmou que a ré demonstrava frieza diante da situação. Outra testemunha, que ajudou no socorro, disse ter encontrado a vítima agonizando, nua, sobre a cama, enquanto Cristiane não demonstrava desespero. O envenenamento foi constatado inicialmente na UPA de Dias d’Ávila e, depois, confirmado no Hospital Português, em Salvador.
Em seu depoimento, Cristiane negou o crime e afirmou desconhecer a causa da morte do marido. Disse que ele passou mal após chegar em casa e que teria preparado um chá para ajudá-lo. Negou ter destruído provas e alegou ter sido coagida pelo delegado durante o inquérito. Chorando, declarou estar “destruída, mas forte pela filha”. A defesa sustentou a falta de provas, mas o conjunto de indícios e testemunhos levou à condenação por homicídio qualificado.
Familiares de Mário Sérgio deixaram o fórum emocionados. “Ela foi condenada a 19 anos, 11 meses e 25 dias. Eu estou acabada de um ano pra cá”, disse a irmã, Jaciara de Jesus. A mãe, Maria de Jesus, afirmou que perdeu “um pedaço” de si, mas se disse satisfeita com a decisão. O irmão, Cesar de Jesus, ressaltou que a sentença “não traz meu irmão de volta, mas dá um descanso” à família após mais de um ano de sofrimento.
O advogado da família, Thalis Eduardo Bizerra, comemorou o resultado, destacando que todas as qualificadoras foram reconhecidas pelo júri. O delegado responsável pela investigação, Euvaldo Costa, afirmou que Mário morreu agonizando por envenenamento e só recebeu socorro quando já estava sem sinais vitais. Já o advogado de Cristiane, Pedro Henrique Xavier, reiterou a inocência da cliente, informou que recorreu da decisão e criticou a investigação, que classificou como tendenciosa.