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Presidente da Câmara de Dias d’Ávila é acusado de proferir ofensas racistas e misóginas contra irmã e cunhado

 Presidente da Câmara de Dias d’Ávila é acusado de proferir ofensas racistas e misóginas contra irmã e cunhado

Foto: Redes sociais

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O presidente da Câmara de Vereadores de Dias d’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), José Morais de Almeida Júnior, conhecido como Júnior do Requeijão (PSDB), está no centro de uma grave polêmica após o vazamento de áudios com ofensas violentas direcionadas à própria irmã, Maria Marileide de Morais, 67 anos, empresária, e ao cunhado, o advogado Siranedes Eleutério, 61 anos, conhecido como Léo Mineiro.

Os áudios, enviados ao casal no dia 7 de outubro, contêm insultos racistas, sexistas e misóginos, além de diversos palavrões. O conteúdo circulou rapidamente por grupos de WhatsApp e ganhou repercussão em toda a cidade.

Diante da gravidade das declarações, as vítimas procuraram a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRIM), em Salvador, e a Coordenadoria de Promoção da Igualdade. De acordo com Léo Mineiro, foram registrados dois boletins de ocorrência — um na capital e outro na delegacia territorial de Dias d’Ávila.

“Estive na DECRIM, onde foi registrado o BO. A delegada encaminhou para a delegacia de Dias d’Ávila, e o delegado local abriu outro boletim. Marileide também registrou ocorrência amparada pela Lei Maria da Penha e solicitou medida protetiva, que deve ser concedida em breve”, relatou o advogado.

O delegado Euvaldo Costa, titular da 25ª Delegacia de Dias d’Ávila, foi procurado pela reportagem mas não retornou o contato.

Conteúdo das ofensas

Nas gravações, Júnior do Requeijão utiliza termos considerados altamente ofensivos, que podem configurar crimes de injúria racial, violência psicológica e difamação. Ele se refere à irmã com expressões degradantes como “p***a véia”, “nojenta”, “cachorra” e “sem vergonha”, além de exigir o pagamento de uma quantia em dinheiro, cujo valor não foi especificado.

Segundo Marileide, o comportamento agressivo do irmão não é recente.

“Isso começou no final de 2018, início de 2019. Na época, perdi um irmão por suicídio, o que me abalou muito. Saí do grupo da família para cuidar da minha saúde mental e, depois, soube que todos estavam falando mal de mim. Foi o início de tudo”, relatou.

As ofensas contra o cunhado, que é negro, também foram graves. Em um dos trechos, o vereador o chama de “nego véio fedorento, raciado de gambá”, expressão que pode ser enquadrada como injúria racial, conforme o artigo 140, §3º do Código Penal e a Lei nº 14.532/2023, que equipara a injúria racial ao crime de racismo — considerado inafiançável e imprescritível.

Até o momento, Júnior do Requeijão não se pronunciou publicamente sobre o caso.